O deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha (PRD), foi preso na última sexta-feira (3) após se entregar ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) em Feira de Santana. O parlamentar era considerado foragido desde quarta-feira (1º), quando uma operação deflagrada resultou na prisão de sua esposa, de seu filho e de outras sete pessoas.
Apontado como chefe de uma milícia responsável por lavagem de dinheiro há mais de uma década, o deputado foi levado para Salvador, onde está custodiado em uma Sala de Estado-Maior, no Centro de Observação Penal (COP), no Complexo Penitenciário da Mata Escura.
Como funciona a custódia
Segundo apuração da TV Bahia, o COP possui 48 celas, duas delas especiais. O deputado ocupa uma dessas salas, que possui grades nas janelas e fica separada das celas comuns, em cumprimento a prerrogativas de algumas categorias profissionais, como parlamentares. O local garante regras específicas, incluindo direito a banho de sol.
A chegada de Binho Galinha a Salvador foi acompanhada por uma escolta de 20 agentes policiais e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).
Histórico do caso
A prisão do deputado foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que o foro privilegiado só vale para crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados à função parlamentar. Como a maioria dos ilícitos atribuídos ao deputado é anterior ao mandato ou sem relação direta com a atividade legislativa, o processo tramita em primeira instância.
Binho Galinha já havia sido preso em 2011, em uma operação contra roubo de carros, antes de se tornar deputado estadual.
Linha do tempo das investigações
- Dezembro de 2023 – A Polícia Federal deflagrou a Operação El Patrón, bloqueou R$ 200 milhões e prendeu seis pessoas, entre elas a esposa do deputado, Mayana Cerqueira, e o filho, João Guilherme, de 18 anos. A denúncia apontou lavagem de dinheiro por meio da loja de autopeças Tend Tudo, em Feira de Santana. Auditorias revelaram movimentação financeira incompatível, incluindo notas fiscais fictícias de R$ 3 milhões.
- Abril de 2025 – O STJ concedeu prisão domiciliar a Mayana e habeas corpus a João.
- Junho de 2025 – O STJ anulou os efeitos da operação por falhas na investigação, mas o STF reverteu a decisão, mantendo a validade das provas.
- Setembro de 2025 – Audiências de instrução da operação foram realizadas em Feira de Santana. A defesa indicou 77 testemunhas, enquanto a acusação apresentou três.
- Outubro de 2025 – A PF deflagrou a Operação Anômico, desdobramento da El Patrón, com nove prisões e 18 mandados de busca em Feira de Santana, São Gonçalo dos Campos e Salvador. Foram bloqueados R$ 9 milhões e apreendido um carro blindado com giroflex e comunicação via satélite, abandonado em área de mata.
O que diz a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba)
Em nota, a presidente da Alba, deputada Ivana Bastos (PSD), afirmou que a Casa tomará as medidas cabíveis assim que for notificada oficialmente, incluindo eventual análise pelo Conselho de Ética.
O que diz a defesa
Em comunicado, a defesa de Binho Galinha afirmou que:
- o deputado não esteve foragido, já que compareceu espontaneamente ao fórum em setembro;
- a prisão preventiva é “manifestamente nula”, determinada por juízo incompetente;
- a detenção da esposa e do filho foi “desproporcional e desumana”, deixando desamparada uma filha menor de 11 anos;
- a operação teve “excessos e ilegalidades”, como uso indevido de algemas e divulgação de vídeos das prisões;
- as acusações seriam frágeis e baseadas em provas questionáveis.
A defesa afirma ainda que o deputado e seus familiares reafirmam a inocência e denunciam perseguição política.


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