Após queixas e pressão por demissão, Rui Costa e Arthur Lira afinam relação



Após desentendimentos e pedidos de demissão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, reataram relações e estão agora mantendo conversas frequentes. Esse renascimento da relação começou a se desenhar durante um café da manhã na primeira semana de junho e se consolidou com diálogos francos onde ambos expressaram suas preocupações e queixas mútuas.

Nos últimos três meses, essa reaproximação evoluiu para uma rotina de contatos regulares, seja através de encontros privados ou ligações. A melhora no relacionamento já resultou em atos públicos de cordialidade, com destaque para a decisão de Arthur Lira de anular o requerimento que convocaria Rui Costa para depor na CPI do MST em 9 de agosto.

No dia anterior a esse ato público, os dois políticos conversaram na residência oficial do presidente da Câmara, onde Arthur Lira expressou seu descontentamento com a convocação de Costa pela CPI, considerando-a excessiva. Formalmente, o encontro estava relacionado à apresentação dos detalhes do Novo PAC, que Rui Costa faria antes do lançamento oficial do programa.

Aliados de Rui Costa interpretam essa aproximação como um esforço de Arthur Lira para estabelecer um canal direto com o Planalto através do ministro, que comanda a máquina federal e influencia em outras pastas. Esse canal seria uma adição ao relacionamento já estabelecido entre o presidente da Câmara e outros membros do governo, como Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

Outra perspectiva é que essa proximidade com o chefe da Casa Civil poderia abrir caminho para Arthur Lira assumir um cargo no governo após deixar a presidência da Câmara, o que o manteria ativo na política e possivelmente o colocaria em uma posição favorável para a disputa ao Senado em 2026. Nesse cenário, Lira teria condições mais sólidas para competir com seu rival local, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Antes desse período de aproximação, a relação entre Lira e Costa estava tão deteriorada que as queixas de ambos chegaram ao presidente Lula. Em maio, Lira reclamou a Lula sobre a articulação política do ministro, além da liberação de emendas e da desorganização nas nomeações para cargos que passavam pela Casa Civil. Durante uma dessas conversas, Lira sugeriu a Lula que considerasse a substituição de Rui Costa como ministro da Casa Civil.

Em meio a esses atritos, líderes partidários também expressaram preocupações com a postura de Rui Costa, que parecia distante dos deputados e senadores. O ponto crítico ocorreu quando ele comparou Brasília com uma "ilha da fantasia" e precisou se retratar publicamente. Para aliados, esse foi o momento mais delicado da gestão de Costa na Casa Civil.

No contexto das dificuldades do governo para aprovar a Medida Provisória dos Ministérios, Lula se reuniu com o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (União-BA), um adversário político de Rui Costa. Essa conversa foi um dos fatores que possibilitou a aproximação entre a liderança da Câmara e o ministro.


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