Major da PM foi flagrado com dois aparelhos, um deles de tamanho reduzido, ao tentar entregá-los a internos; caso levanta debate sobre influência e corrupção no sistema prisional
Um major da Polícia Militar da Bahia, identificado como Valmir Araújo da Silva, foi preso em flagrante nesta quarta-feira (31) ao tentar introduzir dois celulares em uma unidade prisional de Salvador. A apreensão foi feita por agentes de segurança da própria penitenciária, que impediram a entrega dos aparelhos a internos. O caso ganha notoriedade não apenas pela gravidade do ato, mas também pelo histórico do oficial: Valmir foi motorista pessoal do ex-governador Antônio Carlos Magalhães (ACM) por cerca de dez anos, durante um dos períodos de maior influência do carlismo na política baiana. A ligação direta com o clã político levanta questionamentos sobre redes de confiança e possíveis privilégios dentro das estruturas de segurança pública do estado.
Segundo informações obtidas por veículos locais, os dois celulares estavam escondidos com o major — um deles de porte reduzido, possivelmente com o objetivo de facilitar o transporte e o disfarce. A tentativa de entrega é considerada infração grave, já que aparelhos móveis são comumente utilizados por facções criminosas para coordenar atividades ilícitas de dentro das unidades prisionais.
Resposta das autoridades
A Polícia Militar da Bahia confirmou a prisão do oficial e informou que ele foi autuado em flagrante e encaminhado imediatamente à Corregedoria da PM, onde já responde a procedimento investigativo. Em nota, o comando-geral da corporação ressaltou que não tolera desvios de conduta entre seus membros e prometeu apuração rigorosa dos fatos.
“Casos como este ferem diretamente a confiança pública e não serão ignorados. A conduta do major será investigada com o devido rigor institucional”, informou a corporação.
Sistema vulnerável e crise de confiança
A prisão do major reacende discussões sobre a vulnerabilidade do sistema penitenciário baiano e o envolvimento de agentes públicos em práticas ilegais. A entrada de celulares em presídios é um dos principais pontos de fragilidade enfrentados pelas autoridades, pois esses aparelhos funcionam como instrumentos de controle de facções criminosas mesmo quando os líderes estão reclusos. Especialistas em segurança pública apontam que a cooptação de servidores do próprio sistema prisional — seja por influência, corrupção ou ameaças — representa um desafio significativo para o combate ao crime organizado. O caso envolvendo o ex-motorista de uma das figuras mais poderosas da política baiana coloca em evidência a necessidade de reforçar mecanismos de controle e responsabilização dentro das corporações
Foto: Reprodução de redes sociais
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