Primeira-dama de Cordeiros (BA) estava cadastrada no programa desde 2013 e teve repasses suspensos em janeiro, após a posse do marido, o prefeito Devani Pereira (PDT)
A primeira-dama do município de Cordeiros, no sudoeste da Bahia, Márcia Novais, esposa do prefeito Devani Pereira (PDT), recebeu o benefício do Bolsa Família por mais de uma década, apesar de o marido ter declarado R$ 1,2 milhão em bens à Justiça Eleitoral nas eleições de 2024.
A informação foi revelada neste domingo (26) pelo jornal O Globo e integra um levantamento nacional sobre familiares de políticos eleitos que recebiam o benefício, mesmo apresentando perfil econômico incompatível com as regras do programa social.
De acordo com os dados, Márcia Novais constava na lista de beneficiários desde 2013 e chegou a receber R$ 800 por mês em 2024. Os repasses foram suspensos pelo governo federal em janeiro, logo após o início do mandato de Devani Pereira.
Durante o registro de candidatura, o prefeito — que se elegeu com o lema “o vaqueiro virou prefeito” — declarou possuir R$ 1,2 milhão em patrimônio, incluindo:
• R$ 250 mil em “animais de grande porte”, valor equivalente a cerca de 60 cabeças de gado;
• Seis propriedades rurais;
• R$ 20 mil em espécie.
Em vídeos publicados nas redes sociais, o gestor municipal aparece conduzindo bois e cavalos em uma área semelhante a um rancho.
Fiscalização e exclusões
O Bolsa Família é destinado a famílias com renda mensal per capita de até R$ 218, consideradas em situação de pobreza. A análise para concessão, entretanto, não inclui o levantamento de bens patrimoniais, o que pode permitir fraudes ou inconsistências no cadastro.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), em janeiro foram suspensos os benefícios de famílias que tinham entre seus membros algum candidato eleito em 2024, já que o salário do cargo público ultrapassa o limite permitido pelo programa.
O levantamento nacional identificou a exclusão de cerca de 1,1 mil vereadores, 19 vice-prefeitos e sete prefeitos da lista de beneficiários. Os nomes só foram divulgados em outubro, após um pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI).
No caso de Cordeiros, a inscrição estava em nome da primeira-dama.
Foto: Reprodução de redes sociais.
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