Colégio da Bahia faz apresentação com aluno negro amarrado em tronco no Dia da Consciência Negra e gera críticas

O Colégio Adventista de Alagoinhas, no interior da Bahia, tornou-se alvo de críticas nesta quarta-feira (26) após publicar imagens de uma apresentação escolar em que um aluno negro aparece amarrado a um tronco, vestindo roupas rasgadas, durante atividade alusiva ao Dia da Consciência Negra. Ao lado dele, um estudante branco, usando chapéu de fazendeiro, segura um chicote.

As imagens foram divulgadas nas próprias redes sociais da instituição e repercutiram negativamente. Em outra foto do mesmo evento, uma aluna branca interpreta a princesa Isabel assinando a Lei Áurea — reforçando, segundo especialistas, uma narrativa que centraliza o protagonismo branco na abolição da escravidão.

A atividade ganhou ainda mais atenção após a professora e escritora Bárbara Carine — vencedora do Prêmio Jabuti de 2024 com o livro Como ser um educador antirracista — publicar um vídeo criticando a encenação. Para ela, a escola reproduziu estereótipos violentos da escravidão, ignorando o protagonismo negro na própria luta por liberdade.

“Decidiram reproduzir o protagonismo branco na escola. Não faz sentido”, afirmou. A pesquisadora mencionou figuras históricas fundamentais para a resistência negra, como Luiz Gama, Maria Felipa e Luiza Mahim. “Tenham referência, estudem um pouquinho. Todo ano é a mesma coisa no mês da consciência negra”, lamentou.

Posicionamento da escola

Em nota oficial, o Colégio Adventista de Alagoinhas negou qualquer intenção racista e afirmou que houve “interpretações equivocadas” sobre a atividade. A instituição argumentou que as imagens que circulam nas redes são trechos isolados, sem o contexto completo da proposta pedagógica, o que teria gerado conclusões distorcidas.

O colégio disse ainda repudiar toda forma de discriminação e reiterou compromisso com valores cristãos, humanitários e antirracistas. Segundo a instituição, a atividade tinha como objetivo fortalecer a consciência histórica e valorizar o povo negro.

Ao final, a escola declarou estar à disposição de pais e responsáveis para esclarecimentos.

Foto: Reprodução de redes sociais. 

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