A ida do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos desencadeou uma crise silenciosa entre órgãos de investigação e de controle em Brasília. Condenado a 16 anos de prisão por participação no plano de golpe, Ramagem deixou o país sem comunicar oficialmente a Câmara dos Deputados — o que ligou o sinal vermelho em diferentes frentes do poder público.
A Polícia Federal suspeita que o parlamentar tenha cruzado de carro a fronteira com um país vizinho e, de lá, embarcado em um voo rumo aos EUA.
Internamente, integrantes da PF questionam o fato de Ramagem seguir com presença registrada na Câmara, inclusive votando no PL Antifacção, mesmo após apresentação de atestados médicos: primeiro de um mês, depois ampliado para dois meses (até 12 de dezembro). Como o atestado é diferente de uma licença médica, o deputado continua autorizado a votar.
A Câmara confirmou que não recebeu aviso de viagem ao exterior nem qualquer comunicação de missão oficial.
A situação provocou alerta no GDF, na Secretaria de Segurança Pública do DF e na própria PF, que agora monitoram com mais atenção outros condenados no esquema golpista que, assim como Ramagem, não possuem qualquer controle eletrônico.
Hoje, apenas o ex-presidente Jair Bolsonaro usa tornozeleira e cumpre prisão domiciliar, sob monitoramento da polícia penal. Para os demais condenados que vivem em Brasília, não há medidas judiciais que impeçam movimentações ou deixem rastros oficiais — o que, na avaliação de agentes, limita qualquer ação para evitar fugas.
Na noite de quinta-feira (20), o PSOL acionou o STF pedindo a prisão preventiva de quatro ex-integrantes do governo Bolsonaro, alegando risco iminente de fuga após o caso Ramagem. Os alvos são:
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
- Augusto Heleno (ex-chefe do GSI)
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
A Corte ainda não decidiu sobre o pedido.


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