Uma divergência sobre o valor cobrado pelo aluguel de cadeiras e guarda-sol terminou em agressão contra um casal de turistas na praia de Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco. A confusão ocorreu após desacordo entre clientes e comerciantes sobre os preços praticados na barraca onde o grupo estava instalado.
Imagens gravadas por testemunhas mostram barraqueiros agredindo com socos e pontapés os empresários Johnny Andrade e Cleiton Zanatta, naturais de Mato Grosso.
Segundo os turistas, a discussão começou quando eles se recusaram a pagar um valor superior ao que teria sido combinado inicialmente. De acordo com Johnny e Cleiton, ao chegarem à praia, foram abordados por um funcionário da Barraca da Maura, que teria informado que o custo para uso de cadeiras e guarda-sol seria de R$ 50, caso não houvesse consumo de petiscos no local. Se houvesse consumo, o valor do aluguel seria abatido da conta.
Ainda segundo os empresários, como não consumiram alimentos, foram surpreendidos no momento do pagamento com a cobrança de R$ 80, sem aviso prévio, o que deu início à discussão que terminou em agressão.
Versão dos barraqueiros
Os comerciantes, no entanto, apresentam outra versão dos fatos. O garçom Erivaldo dos Santos afirmou que também foi agredido por um dos turistas após a recusa em pagar os R$ 80. Segundo ele, um dos empresários teria dado um tapa no cardápio e aplicado um golpe conhecido como “mata-leão”.
Erivaldo afirma que apenas cobrou os valores descritos no cardápio da barraca. Segundo o trabalhador, os turistas consumiram duas águas de coco e utilizaram três cadeiras — duas para sentar e uma para guardar pertences — além de um guarda-sol. Cada item custaria R$ 20, totalizando R$ 80.
O funcionário que teria feito o primeiro contato com o casal e combinado os valores iniciais não foi localizado.
A briga
De acordo com Erivaldo, após a agressão sofrida, outros garçons se aproximaram para socorrê-lo. Ele alegou ainda que os turistas estariam alcoolizados, afirmando que chegaram à praia pela manhã com dois litros de uísque e consumiram apenas produtos comprados de ambulantes.
Já os empresários relatam que, após questionarem a cobrança, foram cercados por cerca de 20 barraqueiros, que passaram a agredi-los. O casal precisou ser retirado da praia por uma equipe de guarda-vidas. Johnny sofreu ferimentos no rosto, foi atendido na UPA de Porto de Galinhas e recebeu alta no mesmo dia.
Denúncia e investigação
Antes do atendimento médico, os turistas foram levados à Delegacia de Porto de Galinhas, onde registraram boletim de ocorrência. Em vídeo publicado nas redes sociais, Johnny Andrade também denunciou a falta de estrutura na região, afirmando que precisou se deslocar por transporte de aplicativo entre a delegacia e duas unidades de saúde, já que uma delas não dispunha de aparelho de raio-X.
Na segunda-feira (29), a Polícia Civil iniciou diligências para intimar os envolvidos. Segundo o governo de Pernambuco, ao menos 14 pessoas foram identificadas. A corporação informou que novas informações só serão divulgadas após a conclusão do inquérito.
Interdição da barraca
Também na segunda (29), a Prefeitura de Ipojuca decidiu interditar por uma semana a Barraca da Maura, onde ocorreu a confusão. Os funcionários envolvidos foram afastados preventivamente até o fim das investigações.
De acordo com a gestão municipal, as medidas visam garantir a apuração dos fatos e a preservação da ordem pública. Entre as ações anunciadas estão:
- reforço da fiscalização na orla, com ampliação do efetivo da Guarda Municipal e da Secretaria de Meio Ambiente;
- intensificação da fiscalização para coibir práticas irregulares, como venda casada e exigência de consumação mínima;
- reforço das ações de fiscalização quanto ao cumprimento do Código de Defesa do Consumidor, incluindo a atuação de pessoas irregulares, como flanelinhas.
Fonte: G1


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