No centro, Presidente do Atlético de Alagoinhas, Albino Leite
Todo trabalho deve ser recompensado. A forma mais importante de fazê-lo
começa com o reconhecimento do seu valor, independente se este foi remunerado
financeiramente. Mesmo que um
artista ganhe milhões, continuamos admirando e reconhecendo sua
importância. Este é o maior exemplo de gratidão. Agora pergunto: por que com
Albino Leite, presidente do Atlético de Alagoinhas, tem que ser diferente?
Deveríamos estar todos gratos a ele por ter nos feito campeões baianos de futebol, um título que extrapola as quatro linhas do gramado. Lembram, foi aquele time vice-campeão de 73 que fez com que o Atlético caísse nas graças de pessoas famosas como Chico Anísio e Ricardo Boechat.
Nosso futebol nos abre
portas para o mundo até hoje, como com o cinema de Glauber Rocha e a bossa nova,
que, inclusive, teve João Gilberto, outro baiano, como expoente. O esporte e a arte têm
esse poder de retratar as qualidades de uma nação, de um estado, de uma cidade. E temos o nosso Atlético de Alagoinhas ao nosso lado.
Hoje, quando chego em Salvador e digo que sou de Alagoinhas, sinto que
algo, por pequeno que seja ou pareça,
mudou na maneira como me olham. Eu também mudei quando o Atlético foi campeão,
todos nós mudamos. Isso transformou nossas vidas por mais que o resto não tenha
mudado, por mais que os problemas e as dificuldades estejam nos mesmos lugares
de antes; mas ganhamos um quê de alegria e de fé, ganhamos um referencial de
que a magia existe e de que ela pode se repetir.
Então por que maltratar Albino
Leite? Que paga é essa?
Albino disse ao jornalista Reinaldo Silva: "eu não sou um
cachorro". Ora, será que ele estava exagerando, fazendo mi mi mi? Acho que
para alguém que vem lutando sofregamente para dar o melhor à Alagoinhas, a
maneira como ele foi tratado correspondeu a uma facada no peito. E ele
enlouqueceu, por ser reduzido de sua condição de cidadão e, mais que isso, por
ver seu esforço tratado como nada, uma coisa sem valor. A pessoa que nos
levou ao título por 50 anos almejando vale
o mesmo que um cachorro, mas não um com dono de classe média, mas daqueles de
rua, daqueles que se atropela ou dar-se veneno.
Ele enlouqueceu porque está lutando para aproveitar a boa maré e
montar um time competitivo para os próximos campeonatos; para dar à agremiação
uma estrutura para que outros títulos sejam conquistados. O jornalista Reinaldo
Silva, um excelente profissional, por infelicidade, não conseguiu enxergar esse
contexto. Infelizmente errou, o que não diminui sua qualidade profissional em nada,
todos erramos.
Reinaldo Silva na sua cegueira humana, feriu as regras do jornalismo,
quando deu a versão apenas dos jogadores sobre o atraso na premiação garantida
com a conquista do título. Não ouviu os dois lados da história. Rebaixou ao
mesmo tempo Albino e o jornalismo. Contudo, é preciso dizer que essa prática
danosa é comum ao jornalismo alagoinhense, infelizmente, embora existam
exceções. Reinaldo naquele momento não soube dimensionar a importância do
entrevistado nem a relevância da atividade que exerce.
Mas errar é humano, todos nós erramos e não somos melhores nem maiores que Reinaldo, nem ele deixa de ser o competente jornalista que é. Temos que ter orgulho do que somos e valorizar o trabalho e o gênio de nossa gente. É preciso amar quem nos faz bem e nos traz alegria.
Deixo aqui as últimas palavras para reconhecer também os méritos do prefeito Joaquim Neto por essa conquista, que sejamos também campeões em outras áreas sociais. Vamos reconhecer nossos valores, como Albino Leite e tantos outros, como o próprio Reinaldo Silva, e saber o valor do nosso povo sem nunca perder de vista isso.
Para frente meu Atlético, avante Albino Leite!
Paulo Dias
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