Após a cassação de passaportes diplomáticos, a avaliação de autoridades que acompanham os trâmites entre Brasil e Estados Unidos é de que o ex-deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) tende a ser deportado, enquanto a situação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aponta para um desfecho distinto.
Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), teve o passaporte diplomático cassado e pode passar a ser considerado em situação migratória irregular nos Estados Unidos. Já Eduardo Bolsonaro, que também exercia mandato parlamentar, entrou no país com documentação válida, o que altera completamente o tipo de resposta judicial possível.
De acordo com interlocutores da Polícia Federal e do Ministério da Justiça, a expectativa é de que Ramagem seja deportado — e não extraditado. Isso porque a deportação ocorre quando há ingresso ou permanência irregular em território estrangeiro. Com o cancelamento do passaporte diplomático, Ramagem deixaria de cumprir os requisitos legais para permanecer nos EUA.
No caso de Eduardo Bolsonaro, a situação é considerada diferente. Ao contrário de Ramagem, ele deixou o Brasil quando ainda não era investigado e possuía tanto o passaporte diplomático quanto o passaporte comum válidos. Além disso, seus documentos não haviam sido apreendidos no âmbito de nenhuma investigação judicial.
Ramagem deixou o país já sob o avanço da ação penal que apura a chamada trama golpista, contexto que levou à apreensão de seus documentos e, posteriormente, à cassação do passaporte diplomático. Eduardo Bolsonaro, por sua vez, viajou antes de qualquer medida judicial contra si, o que afasta, ao menos neste momento, a possibilidade de deportação automática.
Nos bastidores, a avaliação é de que os dois casos não podem ser tratados da mesma forma pelas autoridades americanas, justamente pelas diferenças no momento da viagem, na situação documental e no estágio das investigações no Brasil.
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