INQUÉRITO CONCLUÍDO: Polícia detalha dinâmica do feminicídio de Fabiana Cardoso em Periperi



A Polícia Civil da Bahia concluiu o inquérito que apurou o desaparecimento e a morte de Fabiana Correia Cardoso, de 43 anos, ocorrido em setembro deste ano, no bairro de Periperi, em Salvador. A investigação confirmou a prática de feminicídio e ocultação de cadáver, resultando na prisão preventiva de dois homens, entre eles o ex-companheiro da vítima.


O caso começou a ser investigado no dia 15 de setembro, quando familiares registraram boletim de ocorrência informando o desaparecimento de Fabiana. O último contato com a vítima havia ocorrido em 11 de setembro, sem qualquer indício de afastamento voluntário. Diante das circunstâncias consideradas incompatíveis com um simples desaparecimento, a Polícia Civil instaurou formalmente o inquérito no dia 30 de setembro, sob a condução da Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP).


As apurações apontaram que Fabiana foi morta no próprio dia 11 de setembro, por volta das 18h, dentro de um mercadinho de sua propriedade, em Periperi. Mesmo após o término do relacionamento afetivo, a vítima mantinha sociedade comercial com o ex-companheiro. O segundo investigado, primo dele, passou a frequentar o estabelecimento e a prestar serviços no local semanas antes do crime.


Após a prisão dos suspeitos, ambos apresentaram versões conflitantes, tentando atribuir a autoria do crime um ao outro. As narrativas, no entanto, foram sendo desconstruídas ao longo da investigação, com base em provas técnicas, depoimentos e diligências realizadas em campo.


Segundo o delegado André Carneiro, responsável pelo inquérito, a dinâmica criminosa foi reconstituída a partir da análise integrada de diversos elementos probatórios. “As versões apresentadas pelos investigados foram sendo desmontadas à medida que as provas técnicas avançavam, permitindo a reconstrução precisa da cronologia dos fatos”, afirmou.


Mesmo sem a localização dos restos mortais, a Polícia Civil conseguiu comprovar a materialidade do crime. A perícia identificou o perfil genético de Fabiana em duas facas utilizadas na tentativa de desmembramento, além de vestígios de sangue feminino no freezer onde o corpo foi mantido após o homicídio.


Em depoimento, os investigados relataram que Fabiana foi derrubada no chão, esganada e, já em estado semiconsciente, sofreu golpes no pescoço que causaram sua morte. O corpo foi colocado em um freezer e, posteriormente, transferido para um tonel azul. Houve ainda tentativa de destruição do cadáver com o uso de substâncias corrosivas e inflamáveis.


No dia 13 de setembro, o tonel foi levado para um imóvel onde funcionava uma hamburgueria pertencente ao ex-companheiro, no bairro de Mussurunga. No local, os restos mortais foram queimados por várias horas. Já no dia 14, os resíduos remanescentes foram descartados em um container de lixo público.


De acordo com o delegado André Carneiro, a ausência do corpo não impede a responsabilização criminal quando há um conjunto robusto de provas. “Mesmo diante da tentativa deliberada de destruição de vestígios, as evidências técnicas reunidas demonstram de forma inequívoca a ocorrência do homicídio e as ações posteriores voltadas à ocultação do cadáver”, destacou.


O inquérito foi concluído e encaminhado ao Poder Judiciário, com o indiciamento dos dois investigados pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. Para a diretora do DHPP, delegada Lígia Nunes de Sá, o desfecho reforça a importância da investigação qualificada. “É uma resposta firme do Estado a um crime extremamente grave. Mesmo diante de tentativas de ocultação, a investigação técnica foi capaz de reconstruir os fatos e responsabilizar os autores”, concluiu.

Foto: Reprodução de redes sociais 

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